Arnaud Rodrigues

Vida

Como no teatro, em que a tragédia e a comédia dividem o mesmo palco, a vida também tem suas investidas. Assim foi a vida do ator e comediante Arnaud Rodrigues. Nascido em 1942, Arnaud atacou de humorista, cantor, compositor, redator, ator de cinema e novelas e, por fim, cartola do time de Palmas, no estado do Tocantins, onde viveu desde 1999. Avaliar seu vasto histórico artístico não é uma tarefa simples. Em 68 anos de vida, ele marcou a televisão brasileira permeando entre os principais humoristas da década de 70 ao lado de Chico Anysio não apenas em cena, mas também compondo sátiras e escrevendo roteiros que até hoje contemplam os registros dos principais shows de comédia lançados na época. E se ele arrasava nas telas, já era de se imaginar que no rádio também ganharia seu espaço. O maior sucesso foi o animado hit “Vô bate pá tu” que disparou nas rádios e promoveu até o lançamento de três discos com grande vendagem a partir da parceria com o Chico e o musicista Renato Piau.

Arnaud Rodrigues

Era o famoso grupo musical “Baiano & os Novos Caetanos”, o primeiro passo para uma carreira solo no cenário musical que ia muito além do humor e das sátiras costumeiras. Dono de um talento e carisma contagiante, Arnaud também fez história na teledramaturgia. Foram poucos, porém inesquecíveis personagens que ganharam vida na interpretação do artista. Além do nordestino ingênuo Soró, grande sucesso da trama “Pão Pão, Beijo Beijo”, ele também deu vida ao sempre lembrado Cego Jeremias, personagem cantor das ruas que integrou a novela “Roque Santeiro” na década de 80. Nessa mesma época ele passou a compor quadros cômicos no programa “A Praça é Nossa”, do SBT, com personagens como o Chitãoró, que satirizava a dupla Chitãozinho e Xororó ao lado do diretor e comediante Marcelo de Nóbrega.

Comediante

Outros personagens memoráveis do programa também foram interpretados pelo ator: “O Povo Brasileiro” figurava um dos quadros como um personagem queixoso e pobre que traduzia muito bem a situação do brasileiro na época, além do “Coronel Totonho”, um mulherengo irremediável que arrancava gargalhadas do público. Pernambucano de Serra Talhada, Arnaud foi um homem de hábitos simples. Em contradição com uma carreira agitada de shows, programas e uma série de apresentações que o mantinham permanentemente no circuito Rio-São Paulo, ele preferia o sossego das zonas rurais. Após conhecer a cidade de Palmas, no Tocantins, onde apresentou alguns shows, Arnaud se encantou com o local. Foi assim que, em 1999 o artista convenceu toda a família a se mudar para a capital no mais novo estado brasileiro.

Praça

Conforme disse em algumas entrevistas, a possibilidade de acompanhar o crescimento e o desenvolvimento de uma região que até a pouco tempo não figurava com grande representatividade no país era impressionante. Para ele, Palmas era ideal: tinha toda infraestrutura de uma grande cidade, porém se portava como uma pequena região interiorana. Lá ele podia viver em contato com a natureza, motivo de grande inspiração. Tamanho era seu interesse pela região que ele passou a comandar o Palmas Futebol e Regatas, mais importante clube local. E foi assim, entre a vida e a comédia, que Arnaud representou a morte e a tragédia. No dia 16 de fevereiro de 2010, ele e mais oito pessoas, incluindo dois netos e a esposa, estavam em um barco no lago da Usina de Lajeado, região próxima a Palmas. A embarcação virou e parte da tripulação foi salva, mas Arnaud não resistiu. E como grande artista que foi, os brasileiros seguem preservando sua memória: o legado de uma vida inteira dedicada à arte do riso.

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Históricos

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Comentários

  • Sinto muito arnoud pela sua morte eu adorava ver você estreiando na tv tchau meu querido amigo…

    vitor 20 de junho de 2010 19:02

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