É impressionante como o sabor da fama leva pessoas à beira da insanidade e ainda conseguem fazer dizer que estão certos. Um de muitos casos em que essa sentena é inabalavelmente verdadeira é a do astro dos ringues, Mike Tyson. O boxeador, gênio dos cassinos por onde passou entre as décadas de 80 e 90, acumulou fortuna, prestígio e problemas da mesma maneira: com uma vida desregrada e vazia, ao longo dos 11, 13 anos em que esteve no topo do esporte.
As Convicções
Aos 43 anos, aposentado dos ringues em 2005, o ex-campeão unificado dos pesos pesados dá a entender que não se arrepende de nada do que fez na sua juventude, espantosamente nem do que fez de bom e principalmente do que fez de ruim. Segundo palavras do próprio, ele foi acostumado a ver grandes campeões do esporte que escolheu com feras, pessoas que perderam as qualidades humanas, que se tornaram verdadeiros selvagens durante sua vida e que aquilo o empolgava e mais: que ele não seria o sucesso que foi se não fosse exatamente daquela maneira.
A Carreira
Tyson foi o mais jovem campeão de pesos pesados que já existiu, adquirindo o primeiro cinturão aos 20 anos, em 1986. Depois de todo o “fenômeno” que se prorrogou por seis anos, Tyson foi acusado e preso por estupro em 1992, permanecendo três anos na cadeia, período em que ficou privado de liberdade mas treinando, promovendo a estampa de que quando saísse das grades voltaria mais “selvagem” do que já tinha sido. Voltou aos ringues em 1996, e acabou perdendo a disputa pelo título para seu compatriota, Evander Holyfield. Em 1997, depois de algumas lutas em que o mundo percebeu que ele já não era o mesmo, firmou uma revanche que por sinal se mostrou desastrosa contra o mesmo Holyfield, sendo desqualificado do esporte pelo famoso episódio da mordida na orelha. O astro, outrora festejado e imbatível, não passava agora de um combalido ex-campeão, respeitado mas em derrocada. Em 2005, já de volta aos ringues declarou a aposentadoria, mas antes, em 2003 já havia declarado sua falência pessoal.
A Falência
São números absolutamente impressionantes. Ao longo de duas décadas como pugilista, Tyson acumulou uma fortuna de mais de 400 milhões de dólares, dinheiro que, em mãos de pessoas mais sensatas, daria para sustentar algumas gerações, mas que, por falta de preparo, foi torrado mais rapidamente do que foi ganhado. Dentre os motivos alegados pelo ex-campeão, estão amigos aproveitadores, roubo escandoloso do empresário – o folclórico Don King – cujo penteado de cabelo mais parece criação de um choque de alta voltagem, o fato é que Mike Tyson ficou na lona em 2003, com uma dívida estimada em cerca de 23 milhões de dólares. Da astronômica conta, restaram três imóveis, alguns carros e a esperança de ganhar algum dinheiro com eventos publicitários, além da espera da vitória no processo que move contra King.